Ele se sentia o dono da casa, até parecia o dono, mandava em tudo sem falar uma só palavra. Era o único da casa, ou melhor, ele e sua dona. O pequeno Pit se sentia o dono do mundo e sua dona fazia jus a isso, pois só comia das melhores rações, toda semana ia ao salão, tinha sua cama bem fofinha, tinha um plano de saúde. Se não queria comer, ia ao médico; se comia muito, ia também; se estava gripado, lá estava…uma vida de rei. Quem não queria uma vida assim?
As roupas de Pit eram de grife, valiam mais que roupas de muitas pessoas; a comida era só “pedigree”, mais cara que um rodízio em churrascaria; os perfumes só francês. Ele tinha, mas não tinha uma vida de cão!
Pit vivia bem com sua dona. Quando ela ia trabalhar, ele estava junto. Ficava o tempo todo ao lado dela, no ambiente climatizado. Essa era a vida dele.
Certo dia, quando estava voltando para casa junto com sua dona, teve uma surpresa: a dona parou o carro no acostamento da estrada e foi pegar um animal que foi abandonado. Pit ficou com os olhos arregalados, quase não acreditava naquela cena, morria de ciúmes ao ver sua dona pegando nos braços um animal sujo, todo sujo de carvão. Ele queria acreditar que aquilo era um sonho, ou melhor, um pesadelo.
A dona colocou o animal no banco dianteiro e passou o pit para o banco traseiro. Ele só andava no carro limpo e cheiroso e agora um outro animal sujo. Foi o fim! Observou…observou…olhou com rabo de olho e notou que era da mesma raça que ele. Não importou muito, pois ele teria que ser o único.
Ao chegar em casa, a dona deixou pit e levou o outro animal para tomar um bom banho. Pit andou toda a casa…ficava o tempo todo que logo seria descartado pela dona. Por que, por que, por quê?
Quando a dona voltou, percebeu que ela trazia nos braços uma bela guria, ou melhor, uma princesa de cachorra. Linda, radiante e toda cheirosa. Pit não entendeu por que a dona saiu com um animal e voltou com outro. Na verdade era o mesmo animal, que só precisava de um bom banho. Foi amor a segunda vista, pois na primeira ele nem observou se era macho ou fêmea. O ciúme fez com que o Pit não quisesse observar a realidade. Assim é na vida dos humanos!
Logo Pit se aproximou da bela Hana, a cachorra que a nova dona deu esse nome. Pit a cumprimentou e disse que a casa era toda dela.