Zé estava convencido por Juarez que ele seria a “bola da vez” a uma vaga na câmara de vereadores da cidade de Tobas. Foi convencido que ele, Zé, sendo uma pessoa popular e carismática com a população, não teria dificuldades de ganhar de lavada (assim dizia Juarez). Filiou-se então ao partido “NFBM”( NÓS FAREMOS BOAS MUDANÇAS) . Faltava então três meses para o resultado final dos eleitos pelo povo. Zé começou a trabalhar de “fio a pavio”, incansavelmente na certeza que era a hora de mostrar ao povo que ele tinha poder de popularidade. Começou então a fazer um plano estratégico de visitas aos eleitores. Então pegou uma agenda para anotar o nome de todas as pessoas que iriam votar nele. Fazendo um mapa por cada parte da cidade e da zona rural. Sábado, domingo, feriado; 6h, 10h, 15h, 21h, 23h… não havia dia nem hora para ele riscar no portão da casa de cada um eleitor. Juarez candidato a prefeito e “macaco veio” no ramo da política, dava toda corda ao “amigo” Zé.
– Essa é sua, Zé. Não há candidato mais forte que você nessa eleição!
Os olhos de Zé brilhavam feito diamante de tanta alegria, pois tendo só o apoio moral de Juarez, já bastava para ir à luta, pois a verba que o partido deveria repassar para ele, não estava caindo. Como sentia firmeza que já estava no rumo certo, vendeu 10 cabeças de gado, um terreno e uma Saveiro para gastar na campanha, pois sabia que muitos eleitores iriam pedir alguma ajuda.
10 litros de gasolina para um; 20 telhas para outro; botinas sete léguas; cestas básicas; medicamentos; dentaduras; óculos; além de prometer que “se eleito” iria dar cargos comissionados e arrumar emprego para todo mundo.
– Pode gastar, Zé, que depois te repasso quando nós ganharmos essa – Dizia Juarez.
Não se preocupou em gastar as poucas economias, pois conseguiria de volta no cargo de vereador.
Chinoca, a esposa, não estava mais aguentando as correrias do marido. Mal o via durante o dia e muitas vezes quando já estava dormindo as 23h50, ele chegava em casa. Quando o dia amanhecia Zé já havia dado no pé visitando as vicinais e o povoado de Regos.
– Papai, não se iluda com o povo, meu pai – Dizia o filho Toim, que tinha medo que o velho gastasse todas economias e depois chorar lágrimas de sangue.
– Meu filho, larga de bestagem, não tá vendo que todo mundo gosta de mim! Que nosso Juarez tá depositando todas as fichas em mim! Se não for dessa vez, não ganho nunca.
– Toim só balançava a cabeça e deixou o pai com sua ilusão. – vais gastar tudo, meu pai.
Véspera de votação Zé folheava a agenda recontando os votos garantidos. 1, 2, 15, 60, 156, 267, 341. Contou, recontou e tinha a certeza que era “batata”.
Como Zé precisava só de 150 votos, estava satisfeito que iria ganhar em dobro.
Na hora de apuração dos votos, no painel eletrônico ao lado da Câmara dos vereadores de Tobas, aos poucos os nomes e quantidades de votos iam aparecendo. Zé olhou fixamente, arregalou os olhos e não viu seu nome no grupo dos futuros vereadores. 32 votos contabilizados para Zé. Deu um ataque cardíaco e foi parar no pronto socorro. Foram dias de amarguras, dor de barriga, dor de cabeça e calafrios.
Quando já recuperou meio aéreo, os amigos perguntaram:
– Ganhou em Tobas, Zé?
– Ô, se ganhei! Francisco de Assis Ferreira