FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Línguagem é qualquer sistema de signos que funcionam como meio para que o(s) emissor(es) se comunique(m) com o(s) receptor(es).

O que são Funções da Linguagem?

Estão relacionados ao modo de como cada individuo organiza seus pensamentos para transmiti-los.

A função da linguagem está relacionada ao modo de como os indivíduos se comunicam para estabelecer a comunicação. Para que isso seja possível é preciso que haja um código – esse que chamamos de língua (Francisco de Assis Ferreira)

Temos seis funções da linguagem que foram, de uma certa maneira mais completa, descrita por Jacobson, um grande renomado linguista. Ele descreveu que as funções seria descritas como:

  • Emissor – alguém que transmite a mensagem. Codifica a mensagem (Função Emotiva).
  • Receptor ou destinatário – a quem a mensagem se dirige. Decodifica a mensagem (Função Apelativa/Conativa).
  • Mensagem – a informarão que se pretende transmitir.(Função Poética).
  • Código – um conjunto comum ao emissor e ao destinatário formado de elementos e regras que permitem o entendimento da mensagem (Função Metalinguística)
  • Referente – o assunto, a situação que envolve o emissor e o destinatário e o contexto lingüístico que envolve a mensagem (Função Referencial/Denotativa)
  • Canal – o meio físico para transmitir a mensagem e a conexão psicológica que leve ao destinatário a se interessar no que lhe transmite o emissor e a procurar a entender a mensagem transmitida (Função Fática)

Vamos aprender cada uma delas?

1. Função Emotiva ou Expressiva

  • Essa função expressa as emoções, sentimentos, opiniões do emissor. Predomina, pois, verbo e pronomes em primeira pessoa.
  • para melhor simplificar, analisemos essa obra de Gonçalves Dias.

Canção do Exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá

  • Essa poesia foi escrita em 1843, quando o poeta cursava a Faculdade de Direito de Coimbra, em julho de 1843. Vivia, desta forma, um exílio físico e geográfico. Tradicionalmente, esta é a situação do exílio.
  • Notamos que predomina a primeira pessoa (minha, nosso, eu). O Escritor declarou os sentimentos, saudades da terra natal – Brasil.
  • Minha terra têm palmeiras onde cantam o sabiá (Brasil)
  • As aves que aqui gorjeiam (Portugal)

Ficou fácil assim, meu caro leitor?

Outro Exemplo:

MEUS OITO ANOS (Casimiro de Abreu – 1837-1860)

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais![…]

  • Você percebeu o forte sentimentalismo do poeta, meu caro leitor?

Essa Função da Linguagem foi muito marcante nas poesias dos escritores no período do romantismo. Esse período no Brasil foi de 1836 a 1881. Esses dois poetas pertenceram a esse período.

 

 2. Função Apelativa/Conativa

  • Essa função é direcionada ao receptor, está muito presente nas publicidades, nos comerciais presentes na TV. Tenta influenciar o receptor a fazer algo que se deseja. É, pois, um apelo, um desejo, uma ordem. A intenção é sempre a de convencer o receptor. apresenta vocativo e imperativo e verbo em segunda pessoa.

Exemplos:

“Não perca essa super promoção. Só hoje você compra qualquer aparelho pela metade do preço”.

“Compre e pague em 10 vezes sem juros e o primeiro pagamento só daqui a 90 dias”.

 

3. Função Poética 

  • Essa função evidencia-se mais comumente na poesia, nos “slogans” publicitários. Explora a linguagem de forma que o assunto obtenha vários sentidos através das metáforas; valorizam as combinações e jogo de palavras, a sonorização (MESQUITA, 2014, p.31).
  • Ênfase na mensagem, no texto.
  • pode ser explorada em verso e em prosa

O Bicho (Manuel Bandeira)

Vi ontem um bicho

Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa;
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

4. Função Metalinguística

  • “Quando a linguagem discorre sobre o próprio código. É, na verdade, a própria linguagem que está em jogo. O emissor utiliza-se dela para transmitir ao receptor suas reflexões sobre ela mesma” (MESQUITA, 2014, p.30).

 Exemplo:

di.ci.o.ná.rio”
sm (lat dictione) Coleção de vocábulos de uma língua, de uma ciência ou arte, dispostos em ordem alfabética, com o seu significado ou equivalente na mesma ou em outra língua. Sin: léxico, vocabulário, glossário. D. vivo: indivíduo muito erudito ou de grande memória.” (Definição retirada do Dicionário Michaelis).

Temos aqui, pois, o dicionário explicando a própria língua. 

 Outro Exemplo:

Quem faz um poema abre uma janela.

Respira, tu que estás numa cela

abafada,

esse ar que entra por ela.

Por isso é que os poemas têm ritmo

– para que possas profundamente respirar.

Quem faz um poema salva um afogado.

(QUINTANA apud MORICONI, 2001, p.117)

Temos aqui um poema explicando sobre um poema;

 

5. Função Referencial/Denotativa 

Quando a intenção do emissor é apenas transmitir a mensagem, de modo claro e objetivo, sem admitir mais de uma interpretação, com a finalidade de espelhar a realidade, acontece a função referencial (MESQUITA, 2014).

  • Centra-se no conteúdo, no contexto
  • Informação objetiva
  • Predomina em jornais e revistas
  • Visão Universal
  • Preferência pela 3ª pessoa

“A cena cotidiana, que a maioria já vivenciou, sempre serviu como exemplo de conversa superficial. “Está quente hoje”, comenta um. “Será que vai chover?”, indaga o interlocutor desinteressado. Para uma fatia dos moradores da região metropolitana de São Paulo, contudo, a pergunta não é mais retórica. Revela, ao contrário, preocupação genuína com a situação do sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento hídrico de 8,8 milhões de pessoas. Por causa da estiagem incomum, tornaram-se frequentes, e não só nos elevadores, os diálogos sobre um possível racionamento em parte da capital e em municípios próximos. A Sabesp (companhia paulista de saneamento básico), por ora, descarta essa hipótese e assegura o suprimento até março de 2015.” (Folha de S. Paulo, 24/07/2014)

6. Função Fática

A função fática é predominante quando, num texto, se emprega a linguagem para iniciar, prolongar, verificar, testar ou interromper a própria comunicação. Esta função põe o canal de comunicação em destaque, verificando se o contato entre o emissor e o receptor continua sendo mantido (MESQUITA, 2014).

“Olá, como vai?
Eu vou indo e você, tudo bem?
Tudo bem, eu vou indo em pegar um lugar no futuro e você?
Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono tranquilo…” (Paulinho da Viola)

Note, caro leitor, que o emissor inicia uma conversa para manter um diálogo.