Lá estão eles, em pé, grudados, quase que uma só carne. Dois carros parados que pertencem aos dois. Cá estou eu com os olhos fixos, arregalados, parecendo vizinhos curiosos.
Sempre quando é noite, às 20h, eu sempre “bato um papo” com minha amiga Ana, tomando aquele tereré bem gelado, quase que congelando, com duas garrafas pets: uma congelada e a outra com água natural.
Olho ao redor e não vejo ninguém mais; os pombinhos se lambuzam de beijos, amassam-se e, depois desses beijos “calientes”, cada um olha para os lados rapidamente, como se tivessem fugindo da polícia.
Olho para minha amiga e digo:
– Sabia que aqueles dois são amantes?
– Como você sabe? Você os conhece?
– Não.
-E como você pode afirmar que são amantes? Eu acho que são só namorados.
– Não é não, são amantes sim! Qual casal que sai de casa uma hora dessa para vir a uma pracinha quase que abandonada para namorar e, além do mais, com todo esse fogo.
-E como você pode ter certeza, Pedro?
– Ana, você não viu que os dois estão usando aliança em ouro no dedo que se usa quando é casado?
– E daí, qual o problema? Podem ser marido e mulher. Ou você acha que marido e mulher não agem como esses dois?
Pensei, pensei por um instante e disse:
– Sabe por que eles são amantes?
– Não.
– Qual casal que sai de casa para vir a uma praça quase que abandonada, ficam olhando assustados para os lados, usam alianças de casados e, o pior, saem em dois carros?
Ana pensou, pensou e me disse:
– Sabe que eu não havia pensado nisso!
E você, leitor, o que pensa?
Penso que é só um casal saindo da rotina rsrs