CAPA DE LIVRO
Sandália de dedo nos pés, bermuda velha de tanto lavar, usando camisa gola pólo, sempre nesse estilo que ele se veste, quando não está trabalhando, ou melhor, quando não está exercendo seu ofício diário.
Com a caminhoneta carregada de cachorros, encostada ao meio fio, ele se dirige à loja para comprar umas mudas de roupas. Ao entrar na loja, os vendedores olham o moço de cima a baixo, ao ver aquele “pobre homem” entrando em uma loja de grife.
Uma vendedora se dirige ao moço e pergunta:
– O que o senhor deseja?
– Eu gostaria de umas bermudas e algumas cuecas.
A atendente, vendo o que o homem não está usando uma roupa que fora comprada na loja – que é a primeira coisa que muitas vendedoras de loja de griffe fazem, para identificar a marca da roupa- pede para que ele a acompanhe para mostrar as roupas, mais baratas da loja, como se o homem não conhecesse a qualidade de uma peça.
O homem fica um pouco que um tanto desconfortável, vendo que não está sendo bem atendido.
– Você não tem uma outra marca que não seja dessa?
– Essa está mais em conta, diz a moça.
– É que eu nunca usei dessas, só uso kvk.
A atendente fica sem entender, pois imaginava que o homem usasse apenas roupas de preço mais baixo.
Do outro lado do balcão surge o gerente.
– Como vai Dr. Nedson, fazendo umas comprinhas?
– Só estava passando e vim ver se encontrava umas bermudas da marca kvk.
– Claro que temos, Dr. Nedson.
– Amanda, mostre ao Dr. o que ele deseja.
– Não precisa, volto outra hora, pois estou indo à fazenda vacinar umas cabeças de gado.
Naquele momento a moça ficou envergonhada. Calada ficou.
Dr. Nedson saiu da loja, entrou no carro e ficou imaginando como há tanta gente que julgam as outras pela aparência, sem conhecê-las.
Naquele dia o Dr. Nedson havia tirado folga do hospital e estava decidido a trocar o guarda roupa, mas depois do que passou, decidiu comprar em outra loja.